Recebo com todo o prazer o ofício de Vossa Senhoria, e lhe agradeço a notícia bem importante e oportuna tomadia*, que parece [que] estava esperando para ser feita por Vossa Senhoria. Parece-me conveniente que ela seja remetida ao Governador da cidade de Coimbra, para se tirar do lugar em que está, e ser posta em segurança até segunda ordem. Pelas notícias que hoje recebi, conto com algum socorro de tropa do Algarve e do Alentejo, talvez com direcção para Abrantes, mas no caso em que Vossa Senhoria conheça que será mais conveniente que elas levassem outra direcção, importaria muito que assim lho participasse, porque possa [Vossa] Senhoria, na posição em que se acha e segundo aquela em que se acha o inimigo, sabe[r] muito melhor o que mais convém.
Deus guarde a Vossa Senhoria muitos anos.Porto, vinte e sete de Agosto de mil oitocentos e oito.
Bispo, Presidente Governador.
[Fonte: Alberto Iria, A Invasão de Junot no Algarve, Lisboa, 1941, p. 375 (doc. 60)].
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Nota:
* Aparente alusão à tomada de uma grande quantidade de provisões às tropas francesas, pela vanguarda do Corpo de Observação da Beira e Trás-os-Montes, comandado pelo Brigadeiro Manuel Pinto Bacelar.