quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Brobdignags of Bayonne peeping over the Pyrenean Mountains at the Lilliputian Spanish Army, caricatura de Isaac Cruikshank (3 de Agosto de 1808)




Brobdingnagianos de Bayonne espreitando sobre as montanhas dos Pirenéus o exército liliputiano da Espanha.
Caricatura de Isaac Cruikshank, publicada a 3 de Agosto de 1808



Isaac Cruikshank recorreu ao mundo imaginado por Jonathan Swift, na sua famosa obra Viagens de Gulliver, para representar nesta caricatura uma sátira sobre as primeiras derrotas de Napoleão na Espanha. 
Entre Brobdingnag, terra dos gigantes, "transportada" aqui para Bayonne (à direita) e os Pirenéus (ao centro) encontram-se dois gigantes, Napoleão e José Bonaparte, que observam com preocupação o cenário à esquerda, na Espanha-Liliput, em cujo horizonte se vêem várias bandeiras espanholas, arvoradas nos picos das montanhas. 
Depois de abandonarem o seu enorme acampamento, diversas linhas de infantaria espanhola perfeitamente formadas avançam sobre as tropas francesas, que lutam desordenadamente e começam a ser desbaratadas. No lado francês do campo da batalha (ver pormenor abaixo), vêem-se vários militares mortos, bem como um cavalo, em cuja sela aparecem as letras NB (iniciais de Napoleão Bonaparte e da expressão latina nota bene). Entre os que fogem precipitadamente, vê-se ainda um francês sem chapéu, que reza ajoelhado
Perante este cenário, Napoleão, com o chapéu depenado, exclama: Misericórdia de mim! Quem poderia ter pensado isto de um conjunto de tais liliputianos? Porque estão eles arruinando o nosso exército brobdingnagiano?! José Bonaparte, ostentando a coroa espanhola, replica ao seu irmão: Nap, digo-te que podes colocar também a minha coroa no teu bolso, para que não me surpreendam tais camaradas com rostos de assassinos.



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Outra digitalização: The British Museum

O desembarque do Exército britânico na baía do Mondego, segundo Henry L'Evêque







The landing of the british Army at Mondego Bay

O desembarque do Exército britânico na baía do Mondego


Nesta gravura, Henry L'Êveque representou o desembarque do exército britânico comandado por Wellesley em Lavos, na margem sul do Mondego, perto da Figueira da Foz (que se vê na outra margem). Deveu-se ao Capitão Pulteney Malcolm (comandante do Donegala boa execução do desembarque, que se prolongou durante os cinco primeiros dias de Agosto de 1808, devido sobretudo à arrebentação das ondas naquela parte da costa portuguesa, que dificultou as manobras. Como a gravura assinala, este exército recebeu logo a ajuda dos portugueses da zona, através do fornecimento de botes para o desembarque, cavalos, mulas e burros, carros de bois, e provisões diversas. 

Carta de vários negociantes de Coimbra para Sir Arthur Wellesley, oferecendo-lhe um refresco para o seu exército (3 de Agosto de 1808)



Excelentíssimo Senhor General em Chefe das tropas de Sua Majestade Britânica: 

Senhor: 
Apesar do esgotamento universal a que nos reduziram as rapinas dos nossos bárbaros hóspedes, ainda nos resta o sentimento da gratidão. As Nações inglesa e portuguesa, no meio de todas as diversas crises políticas, foram sempre leais e sempre amigas; porém, na presente ocasião, em que lutávamos com grande valor, mas mal armados, contra um inimigo feroz, nem os nossos desejos podiam voar tanto como os socorros que o vosso grande Monarca e a vossa ilustre Nação nos enviam. 
Em testemunho da nossa sincera amizade, do nosso sumo prazer, e do vivo interesse que tomamos pela prosperidade da Grã-Bretanha, nos afoitamos a remeter-vos esse pequeno refresco, correspondendo ao nosso actual estado, mas não aos nossos desejos. 
Confiamos que V.ª Ex.ª desculpe o arrojo que tomam os negociantes da praça de Coimbra abaixo assinados. 
Coimbra, 3 de Agosto de 1808. 

Costa, Almeida, Freitas & C.ª
André Alves Leite
Marcos José Gonçalves & C.ª
Joaquim Freire de Macedo & Irmão
João Fernandes Guimarães & C.ª
António José de Barros
Manuel José Rodrigues & Irmão
Francisco António de Macedo
João Ferreira Maia
José Rodrigues de Macedo & Filhos
João Lopes de Sousa & C.ª
Francisco Pereira
José António Ferreira de Castro
José Maria da Encarnação
Francisco José Ferreira Guimarães
Manuel Fernandes Guimarães & C.ª 
José Dias de Miranda & C.ª

[Fonte: Minerva Lusitana, n.º 21, 16 de Agosto de 1808; Simão José da Luz Soriano, História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal. Compreendendo a História Diplomática, Militar e Política deste Reino, desde 1777 até 1834 – Segunda Época - Tomo V – Parte I, Lisboa, Imprensa Nacional, 1893, pp. 94-95].

Ordens e Instruções da Junta do Governo Supremo do Porto ao General Bernardim Freire de Andrade (3 de Agosto de 1808)



Em nome do Príncipe Regente Nosso Senhor.


A Junta Provisional do Governo Supremo, tendo encarregado ao Marechal de Campo Bernardim Freire de Andrade o Comando em Chefe do Exército português, que por ordem deste mesmo Governo marcha a libertar a capital e [a] salvá-la da dominação francesa, determina que o sobredito Marechal de Campo combine as suas operações militares com o General das tropas de Sua Majestade Britânica já desembarcadas neste Reino, cooperando ao mesmo fim de restituir o trono ao Príncipe Regente de Portugal.
Que acontecendo fazer-se necessário conceder capitulação ao Exército francês, a possa tratar, indo sempre de acordo com o sobredito General britânico sobre aqueles artigos que puramente respeitarem ao Exército inimigo, segundo o uso e leis da guerra, salvos sempre a Soberania e Direitos Majestáticos que respeitam nação para nação.
É igualmente o sobredito Comndante em Chefe autorizado para fazer executar e aprovar as sentenças do Conselho de Guerra, ainda mesmo sobre penas capitais, quando os culpados forem punidos por delitos contrários à segurança pública, polícia e disciplina do Exército, sem dependência da confirmação deste Governo Supremo nos casos em que o castigo deva ser imediato ao crime.
Para o fornecimento dos Exércitos combinados, [a Junta] tem nomeado com ampla juridisção ao Dr. José de Macedo Ferreira Pinto, Ajudante do Inspector das Repartições Civis do Exército, Víveres e Assentos, a quem manda [que] esteja sempre adido ao Quartel-General do Exército português por assim convir melhor ao pronto fornecimento das tropas e bom serviço do Estado.
Dada no Palácio Episcopal do Porto, em Junta do dia 3 de Agosto de 1808.

Bispo, Presidente Governador.
Luís de Sequeira da Gama Ayala.
José de Mello Freire.
António Mateus Freire de Andrada [sic] Coutinho.
Francisco Osório da Fonseca.
António da Silva Pinto.
Manuel Lopes Loureiro.


Lugar do selo.

[Fonte: Luís Henrique Pacheco Simões (org.), "Serie chronologica da correspondencia diplomatica militar mais importante do General Bernardim Freire de Andrade, Commandante em Chefe do Exercito Portuguez destinado ao resgate de Lisboa com a Junta Provisional do Governo Supremo estabelecido na cidade do Porto e o Quartel General do Exercito Auxiliar de S. Magestade Britanica em Portugal", in Boletim do Arquivo Histórico Militar - Vol. I, Lisboa, 1930, pp. 153-227, p. 165 (doc. 2)].

Proclamação de um zeloso pela pátria (3 de Agosto de 1808)