Lisboa, 5 de Setembro de 1808.
Senhor:
Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência que ontem, durante a nossa entrevista sobre o assunto da rápida execução da Convenção ajustada entre os dois Exércitos, o General Kellermann requereu que submetêssemos a Vossa Excelência o desejo que tem o General em Chefe francês em que se enviassem o mais rápido possível as tropas britânicas que vão render as suas diversas guarnições no interior, para que as tropas francesas estejam prontas para se dirigirem aos diversos pontos de embarque, esperando que possam chegar aquelas tropas que virão do interior para aqui, a fim de partirem com a última divisão das tropas que actualmente já se encontram por aqui.
O General Kellermann, ao consentir que os espanhóis aprisionados a bordo dos navios no porto [de Lisboa] nos fossem entregues, sempre e quando os possamos receber, pressionou fortemente para que Vossa Excelência se satisfaça em escrever para Badajoz, para que aqueles prisioneiros franceses que estiverem ali ou naquelas vizinhanças, e que possam estar compreendidos no artigo 18.º, sejam enviados para se reunirem com a guarnição de Elvas e daí dirigirem-se para Lisboa; e que deveis aplicar uma medida semelhante para que aqueles que estejam na Galiza sejam enviados para Almeida. Pensamos que é necessário observar aqui que o General Kellermann entende que se compreendem neste artigo o General e os outros franceses aprisionados no Porto, o que negámos, por não serem expressamente mencionados no artigo. Ele contudo afirma que Vossa Excelência também assim o entende; e dissemos-lhe que, em tal caso, não haveria qualquer dificuldade, mas que devíamos referir o caso a Vossa Excelência.
Apesar de bastantes vezes termos requerido os relatórios dos franceses que estão para embarcar, tal como o número de prisioneiros espanhóis que actualmente se encontram por aqui, não conseguimos obter nenhum destes relatórios; por este motivo, apenas sabemos que, aparentemente, incluindo as guarnições no interior, os franceses pretendem embarcar perto de 27.000 pessoas, das quais parece que cerca de 22.000 serão tropas.
Também parece que os prisioneiros espanhóis que estão em seu poder são entre trezentos e quatrocentos. Foi-nos prometida uma entrevista esta manhã com alguns dos seus Oficiais (os quais já pressionamos para obter, mas sem sucesso), e poderemos então fazer algumas disposições a seu favor; mas será necessário, antes deles desembarcarem, que algum Oficial do Departamento do Quartel-Mestre-General determine um lugar no outro lado do Tejo para acampá-los e para que eles não estejam nas mesmas vizinhanças que as tropas francesas; eles não podem desembarcar sem que Departamento do Comissariado do General tenha feito os preparativos para a sua subsistência, e ainda não fomos favorecidos pelas vistas do sr. Kennedy.
O General Kellermann refere que a primeira divisão dos franceses está pronta para embarcar; mas é impossível que façamos quaisquer ajustes neste sentido, pois não recebemos qualquer comunicação de Oficial algum da Marinha; por esta razão escrevemos hoje a Sir Charles Cotton, requerendo que ele nomeie alguém para supervisionar o embarque e para permanecer por aqui.
Temos a honra de continuar a ser os mais humildes e obedientes servidores de Vossa Excelência,
O General Kellermann refere que a primeira divisão dos franceses está pronta para embarcar; mas é impossível que façamos quaisquer ajustes neste sentido, pois não recebemos qualquer comunicação de Oficial algum da Marinha; por esta razão escrevemos hoje a Sir Charles Cotton, requerendo que ele nomeie alguém para supervisionar o embarque e para permanecer por aqui.
Temos a honra de continuar a ser os mais humildes e obedientes servidores de Vossa Excelência,
W. C. Beresford,
Major General.
Proby,
Tenente-Coronel.
[Fonte: Copy of the Proceedings upon the Inquiry relative to the Armistice and Convention, &c. made and conclued in Portugal, in August 1808, between The Commanders of the British and French Armies, London, House of Commons Papers, 31st Jannuary 1809, pp. 186-187 (doc. 68)].