quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Protesto formal do General Bernardim Freire sobre o Armistício de 22 de Agosto (24 de Agosto de 1808)



O General em Chefe do Exército português, Bernardim Freire de Andrada [sic], sendo-lhe comunicada por cópia a Suspensão de armas entre o Exército francês e inglês em Portugal, convencionada no dia 22 do corrente pelos Generais Sir Arthur Wellesley e Mr. Kellermann, autorizados para esse efeito pelos respectivos Generais em Chefe de ambos os Exércitos, e tendo oferecido, vocalmente, pelo Major Aires Pinto de Sousa ao General em Chefe do Exército inglês, pedido pelo Governo Provisional deste Reino a Sua Majestade Britânica em auxílio contra o inimigo comum, as observações que lhe pareceram oportunas e que remete substanciadas por cópia, sem que todavia o sobredito General [Bernardim Freire] se mostrasse convencido da justiça e importância delas, se julga obrigado interinamente a protestar do modo mais formal e solene, como de facto protesta pela presente Cédula, contra todos e cada um dos artigos e cláusulas da dita Convenção que de qualquer modo e em qualquer tempo encontrarem [ofendida] a Soberania do Príncipe Regente e Real Casa de Bragança, a Independência da Nação Portuguesa, a Autoridade do actual Governo Provisional deste Reino, a Honra e Segurança do Exército Português, e a pública manutenção das vidas, fazendas e liberdade civil de todos os Habitantes de Portugal.
Quartel-General da Lourinhã, 24 de Agosto de 1808.

Bernardim Freire de Andrada [sic].

[Fonte: Luís Henrique Pacheco Simões (org.), "Serie chronologica da correspondencia diplomatica militar mais importante do General Bernardim Freire de Andrade, Commandante em Chefe do Exercito Portuguez destinado ao resgate de Lisboa com a Junta Provisional do Governo Supremo estabelecido na cidade do Porto e o Quartel General do Exercito Auxiliar de S. Magestade Britanica em Portugal", in Boletim do Arquivo Histórico Militar - Vol. I, Lisboa, 1930, pp. 153-227, p. 202 (incluída no doc. 35)].



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Nota: 

O Major Aires Pinto de Sousa não chegou a entregar este protesto formal (juntamente com as observações com que ia acompanhado) ao General Dalrymple, pelos motivos que no próprio dia 24 de Agosto viria a expor ao General Bernardim Freire de Andrade.