Lavos, 8 de Agosto de 1808
Meu caro Senhor:
O meu ofício contém as informações mais completas sobre todos os assuntos, e não tenho nada a acrescentar. Tive a maior dificuldade para organizar o meu Comissariado para a marcha, sendo o meu o pior dos Comissários Gerais, e estando o seu departamento muito incompleto, não obstante as orientações que dei a Huskisson sobre este assunto. O departamento merece a vossa séria atenção. A existência do exército depende dele, e, além do mais, as pessoas que o administram são as mais incapazes de administrar qualquer coisa que não seja uma firma de contabilidade.
Serei obrigado a deixar as armas de Spencer para trás, pela falta de meios para as transportar, e seria obrigado a deixar as minhas próprias, se não fossem os cavalos do Comissariado irlandês. Que ninguém jamais se imponha sobre vós para mandar um corpo a qualquer parte da Europa, sem pelos menos ter cavalos para puxar as armas. Não é verdade que os cavalos perdem a sua saúde no mar.
Acabei de ouvir dizer que José Bonaparte partiu de Madrid para a França, acompanhado por todos os franceses, no dia 29 do passado mês. Recebi a vossa carta privada de 21 de Julho, pela qual fico-vos muito agradecido. Serei o mais novo dos Tenentes-Generais; contudo, estou pronto para servir o Governo onde e como queira.
Sempre, meu caro Senhor, o seu mais sincero,
Arthur Wellesley
[Fonte: Charles William Vane (org.), Correspondence, Despatches, and other Papers of Viscount Castlereagh, second Marquess of Londonderry – Vol. VI, London, William Shoberl Publisher, 1851, p. 396; a frase sublinhada encontra-se omissa na edição de Lieut. Colonel Gurwood (org.), The Dispatches of Field Marshal the Duke of Wellington, K. G. during his various campaigns in India, Denmark, Portugal, Spain, the Low Countries, and France, from 1799 to 1818 – Volume Fourth, London, John Murray, 1835, pp. 52-53].