Ilustríssimos Senhores Juiz Presidente, Vereadores e demais Oficiais da Câmara da cidade de Faro:
Acusamos a Vossas Senhorias a recepção da [carta] que nos enviaram na data de vinte do corrente, cujo conteúdo expusemos logo a este povo, convocando-o a pregão e toque de sino; e como quer que tivéssemos a satisfação de vermos todos decisivamente inclinados a tomarem com sinceridade e coragem parte na causa portuguesa e a quererem do coração unir-se à proposta que Vossas Senhorias por nós lhes faziam. Temos a glória de lhes certificarmos a nossa lealdade e a deste povo, oferecendo-a cordialmente para toda e qualquer reacção que seja necessária fazer-se ao comum inimigo, para cujo efeito todos constantemente se puseram em força armada, excogitando à porfia os meios mais adequados para mais segura resistência, e para melhor conseguirem o fim de serem sempre honrados portugueses. Nestes termos podem Vossas Senhorias contar com esta povoação e seu termo, para o que nos ponderarem e dignarem-se ter connosco toda a inteligência precisa para a constante unanimidade.
Viva o Príncipe Regente Nosso Senhor.
Deus guarde a Vossas Senhorias muitos anos.
Albufeira, em Câmara, vinte e dois de Junho de mil oitocentos e oito.
José das Neves Barbosa
João Nunes de Figueiredo
Lopo Leotte Tavares
Francisco Rodrigues de Sousa Grade
José Lopes Mousinho
PS: As cartas que Vossas Senhorias nos pediam [que] quiséssemos enviar às demais Câmaras, a quem elas se dirigiam, as levou Sebastião Duarte, dizendo-nos que verbalmente vinha incumbido disto e outras coisas; estimaríamos muito para nosso governo saber qual é a sua autoridade ou comissão.
[Fonte: Adérito Fernandes Vaz, Olhão da Restauração no tempo e a 1.º Invasão Francesa em 1808, no contexto regional e nacional – 2.º Volume, Olhão, Elos Clube de Olhão, 2009, pp. 80-81].