quarta-feira, 22 de junho de 2011

Resposta da Câmara Municipal de Silves à participação da Câmara de Faro (22 de Junho de 1808)



Ilustríssimo Senhor Presidente, Vereadores e demais Oficiais da Câmara: 

Com a mais extraordinária alegria e satisfação recebemos a feliz notícia da nossa segunda Restauração e agradecemos a Vossas Senhorias o terem dado um exemplo de patriotismo e constância, que em breve será abraçado por todos os verdadeiros portugueses, e igualmente a lembrança, para nós honrosa, que Vossas Senhorias tiveram de escrever em primeiro lugar a esta Câmara, o que nós tínhamos direito de exigir, pelas nossas virtudes patrióticas. 
Hoje, vinte e dois do corrente mês, foi o dia memorável em que solenemente foi quebrado o jugo insuportável da dominação francesa, e restaurada a nossa antiga independência. 
A Câmara, nobreza e povo proclamou legalmente por seu legítimo soberano ao Príncipe Regente Nosso Senhor; foi novamente levantada a real bandeira, descobertas as suas invencíveis armas, cantando solenemente o Te Deum na Sé desta cidade. 
De hoje em diante a Câmara desta cidade dá e dará todas as providências necessárias para a defesa dos habitantes e para a resistência do inimigo comum. 
Nós pedimos a Vossas Senhorias que nos façam a graça de enviar o Digníssimo Deão da Sé dessa Catedral [de Faro], munido de todos os poderes, a fim de dirigir as operações das Câmaras desta cidade, Vila Nova de Lagoa, e todas as dessa cidade até ao Cabo de São Vicente, e igualmente autorizado para poder tratar com os comandantes das forças inglesas que acharem nestas costas. 
O Tenente Coronel Diogo João, como terceiro vereador, está encarregado de interessantes comissões, e por isso não pode concorrer para essa cidade, e nós igualmente pedimos a Vossas Senhorias [que] o queiram deixar nesta cidade, onde se faz tão necessário. 

Viva o Príncipe Regente 
Verdadeiro e Legítimo Soberano 
e Viva a Nação Portuguesa 

Deus Guarde a Vossas Senhorias muitos anos. 
Silves, em Câmara de vinte e dois de Junho de mil oitocentos e oito. 

O Juiz Presidente, José António Pereira Brahlances [?]
José Telles Moniz Corte Real 
Diogo João Mascarenhas Netto 
Rodrigo de Sousa Castel Branco 

[Fonte: Adérito Fernandes Vaz, Olhão da Restauração no tempo e a 1.º Invasão Francesa em 1808, no contexto regional e nacional – 2.º Volume, Olhão, Elos Clube de Olhão, 2009, pp. 75-77].