Notícias enviadas da Lourinhã em data de 25 de Agosto.
No dia 15 deste mês recebeu ordem para marchar o 2.º Batalhão do Regimento n.º 12 ou Infantaria de Chaves, o 2.º Batalhão do Regimento n.º 21 ou Infantaria de Valença, e outros corpos, que ao todo faziam 2.500 homens, os quais foram mandados incorporar-se com o Exército inglês.
Entraram em Óbidos no dia 17, aonde já chegavam as guardas avançadas do Exército francês, com a sua artilharia numa posição de tal modo vantajosa, que bastaria um Exército inferior ao que aí tinham os franceses, para se defender de todo o Exército combinado; mas o furor e valorosa resolução com que a coluna do centro atacou os franceses, e que excede todo o elogio, venceu as grandes dificuldades da localidade, e o fogo da forte bataria dos franceses, apossando-se os ingleses da montanha, e carregando sobre aqueles ora com fogo, ora com arma branca, os quais se retiraram com pressa, mas com ordem.
Passaram novamente os franceses ao monte da Crujeira, donde foram rechaçados até ao cimo da montanha da Cruz da Misericórdia com muita perda, mas ainda em retirada ordenada.
Seguia-se um vale, aonde então a retirada dos franceses começou a fazer-se mui desordenadamente, e em que a sua perda entre mortos, feridos e prisioneiros passou de 560 homens, sendo aí a dos ingleses de 70 mortos e 200 feridos.
A coluna do centro participou de quase toda a glória desta brilhante acção, que durou 7 horas, porque não esperou, para atacar o inimigo, ser sustentada pelas duas colunas dos lados, as quais eram obrigadas a seguir um caminho mais extenso e a chegarem portanto mais tarde ao lugar do ataque.
No dia 21 marchava o Exército combinado entre a montanha de Lourinhã e a montanha de Vimeiro, quando as guardas avançadas se viram de repente atacadas por um forte troço de Cavalaria francesa, e depois deste aparece logo o Exército francês, então já forte de 11 para 12 mil homens, por se lhe ter reunido o corpo de Loison e o de Junot; mas tal foi a valentia e furor com que os ingleses os receberam, que o inimigo se pôs em breve na mais vergonhosa retirada, sendo incessantemente acossado dos ingleses, que lhe fizeram com arma branca principalmente um destroço considerável, deixando então os franceses no campo da batalha acima de 500 mortos, 400 para 500 feridos, 22 peças de artilharia, e 900 prisioneiros, entre os quais é de Laborde e Brenier, ficando Thomiers ferido mortalmente, e perdendo o inimigo as bagagens do Exército inglês, destacando sobre elas uma forte coluna; mas uma outra de portugueses deu tanto de súbito sobre a coluna inimiga, que se lhe frustrara as diligências. A actividade e presteza com que se portou esta coluna do Exército português mereceu ao nosso General em Chefe muito louvor, mandando-lhe significar a sua satisfação pelo bom comportamento.
É muito mais difícil do que à primeira vista parece, o dizer com certeza o número de mortos e feridos de uma e outra parte; e por isso não é de admirar a variedade das diversas relações de ambas as acções; contudo, é fora de dúvida ter sido muito menor a perda dos ingleses nesta acção, que parece ser de 50 homens mortos e 100 feridos, e a dos portugueses de 4 mortos, um extraviado e alguns poucos feridos.
No dia 22 chegou o Exército português e se deram imediatamente as ordens para um ataque geral e decisivo no dia 23; mas o General Junot preferiu capitular, para o que mandou já um dos seus Generais.
No dia 23 se uniu ao Exército inglês um reforço de 13.000 homens, que fazem com o Exército combinado 32.000 homens.
Acaba de dar-se ordem para se porem luminárias nesta vila, o que parece inculcar que está a luta gloriosamente acabada.
Ainda não consta quais sejam os artigos do armistício, e tampouco os da capitulação entre o Exército do General Junot e o Exército combinado; e os que imprudentemente se divulgam, por ventura bem pouco apropriados ao estado de forças dos franceses, não têm nem podem ter outro fundamento mais que a imaginação dos que caprichosamente os estão traçando.
[Fonte: Minerva Lusitana, n.º 28, 27 de Agosto de 1808].
Entraram em Óbidos no dia 17, aonde já chegavam as guardas avançadas do Exército francês, com a sua artilharia numa posição de tal modo vantajosa, que bastaria um Exército inferior ao que aí tinham os franceses, para se defender de todo o Exército combinado; mas o furor e valorosa resolução com que a coluna do centro atacou os franceses, e que excede todo o elogio, venceu as grandes dificuldades da localidade, e o fogo da forte bataria dos franceses, apossando-se os ingleses da montanha, e carregando sobre aqueles ora com fogo, ora com arma branca, os quais se retiraram com pressa, mas com ordem.
Passaram novamente os franceses ao monte da Crujeira, donde foram rechaçados até ao cimo da montanha da Cruz da Misericórdia com muita perda, mas ainda em retirada ordenada.
Seguia-se um vale, aonde então a retirada dos franceses começou a fazer-se mui desordenadamente, e em que a sua perda entre mortos, feridos e prisioneiros passou de 560 homens, sendo aí a dos ingleses de 70 mortos e 200 feridos.
A coluna do centro participou de quase toda a glória desta brilhante acção, que durou 7 horas, porque não esperou, para atacar o inimigo, ser sustentada pelas duas colunas dos lados, as quais eram obrigadas a seguir um caminho mais extenso e a chegarem portanto mais tarde ao lugar do ataque.
No dia 21 marchava o Exército combinado entre a montanha de Lourinhã e a montanha de Vimeiro, quando as guardas avançadas se viram de repente atacadas por um forte troço de Cavalaria francesa, e depois deste aparece logo o Exército francês, então já forte de 11 para 12 mil homens, por se lhe ter reunido o corpo de Loison e o de Junot; mas tal foi a valentia e furor com que os ingleses os receberam, que o inimigo se pôs em breve na mais vergonhosa retirada, sendo incessantemente acossado dos ingleses, que lhe fizeram com arma branca principalmente um destroço considerável, deixando então os franceses no campo da batalha acima de 500 mortos, 400 para 500 feridos, 22 peças de artilharia, e 900 prisioneiros, entre os quais é de Laborde e Brenier, ficando Thomiers ferido mortalmente, e perdendo o inimigo as bagagens do Exército inglês, destacando sobre elas uma forte coluna; mas uma outra de portugueses deu tanto de súbito sobre a coluna inimiga, que se lhe frustrara as diligências. A actividade e presteza com que se portou esta coluna do Exército português mereceu ao nosso General em Chefe muito louvor, mandando-lhe significar a sua satisfação pelo bom comportamento.
É muito mais difícil do que à primeira vista parece, o dizer com certeza o número de mortos e feridos de uma e outra parte; e por isso não é de admirar a variedade das diversas relações de ambas as acções; contudo, é fora de dúvida ter sido muito menor a perda dos ingleses nesta acção, que parece ser de 50 homens mortos e 100 feridos, e a dos portugueses de 4 mortos, um extraviado e alguns poucos feridos.
No dia 22 chegou o Exército português e se deram imediatamente as ordens para um ataque geral e decisivo no dia 23; mas o General Junot preferiu capitular, para o que mandou já um dos seus Generais.
No dia 23 se uniu ao Exército inglês um reforço de 13.000 homens, que fazem com o Exército combinado 32.000 homens.
Acaba de dar-se ordem para se porem luminárias nesta vila, o que parece inculcar que está a luta gloriosamente acabada.
Ainda não consta quais sejam os artigos do armistício, e tampouco os da capitulação entre o Exército do General Junot e o Exército combinado; e os que imprudentemente se divulgam, por ventura bem pouco apropriados ao estado de forças dos franceses, não têm nem podem ter outro fundamento mais que a imaginação dos que caprichosamente os estão traçando.
[Fonte: Minerva Lusitana, n.º 28, 27 de Agosto de 1808].