Em Bragança, depois de no dia 11 de Junho de 1808 se ter aclamado o Príncipe regente e do General Sepúlveda ter convocado os desertores às armas, através de um edital, “desde o dia 15 se tinha falado numa Junta de Governo, mas [esta] somente veio a formar-se a 21, quando a revolução já estava muito adiantada; e denominando-se ao princípio Suprema, tomou depois o título mais modesto de Provincial, para não chocar com a que dois dias antes se tinha estabelecido no Porto [...]. Sepúlveda foi o seu Presidente; e para ela se transferiu realmente toda a administração e poder supremo nos negócios da província, em nome de Sua Alteza Real o Príncipe Regente; mas as suas determinações não foram sempre respeitadas em todas as terras, como mostrará a série dos factos.
É do mesmo dia um segundo edital de Sepúlveda, pelo qual chamou novamente às armas, e com mais ampla generalidade, a todos os transmontanos sem excepção de pessoa, contra o inimigo comum; trazendo-lhes à memória os feitos dos antigos portugueses, e pondo-lhes diante dos olhos o exemplo dos espanhóis. Pelo mesmo edital ordenou que todos os franceses, de qualquer graduação que fossem, existentes nos limites da província, saíssem dela no termo de três dias, com a cominação de serem havidos por espias e punidos na conformidade das leis, com sequestro de seus bens por via de represália. E contando já com a completa insurreição de todo o norte do Douro, estabeleceu a sua linha de defesa neste rio, e tratou de formar um plano de operações ulteriores, combinado com os espanhóis, abrindo para isso correspondências com o General Pignatelli, que comandava em Zamora, e com de la Cuesta, então Capitão-General de Castela [e ainda com a Junta da Galiza].
[Fonte: José Accursio das Neves, Historia Geral da Invasão dos Francezes em Portugal, e da Restauração deste Reino - Tomo III, Lisboa, Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1811, pp. 148-149].