Trancoso, 21 de Junho de 1808
Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor:
Neste correio, senhor, recebi 2 ofícios, um com a [?] gazeta e notícias de Madrid, e outro com as proclamações do acontecimento do Porto e disposições das armas aos espanhóis, das quais instruções de V.ª Ex.ª fico ciente, e fiz publicar aos concidadãos que hoje assistiram à audiência; e mandei [que] se lessem[?] aos que não assistiram; na [?] inteligência de que o sucesso do Porto diste desta vila 28 léguas, diferente província; mas porque não estava inteirado do mesmo, mas só o fiei depois que se pôs em marcha a tropa de Almeida para aquela cidade, de cujo chefe, o Excelentíssimo sr. Loison, recebi ordens em 18 deste [mês], e que o mesmo mo participou, é que acreditei [n]o sucesso, e de que só neste correio devia participar a V.ª Ex.ª o mesmo trânsito, e o meteria o sucesso, por não ser neste território; é-me como o que aqui se diz acontecido na Guarda às tropas francesas com os desertores, que estes mataram um daqueles, e sobreviera a morte a mais 4, porém que nem o povo e nem as justiças são responsáveis. A par dos ofícios de V.ª Ex.ª nada ouço ou posso informar relativo ao caso da Espanha mais que alguns factos inacreditáveis de levantes e partidos, mas ignoro aonde e de quem seriam.
Da praça de Almeida se me têm feito algumas requisições para fornecimento das tropas, o que esta vila e termo se tem prestado louvavelmente, mas para melhor complemento pedi ao Sr. Governador da mesma e General da província [a] autoridade para poder estender as mesmas [requisições] às vilas das mesmas superintendências das décimas e sisas, algumas próximas a esta, mas não da mesma jurisdição ordinária; e como os mesmos senhores ainda não me autorizaram, nem sei se anuíram à mesma súplica, a faço a V.ª Ex.ª para melhor poder concorrer com o que se me pedir em auxílio das tropas; pois pedindo agora por autoridade (ainda que vocal) do Excelentíssimo sr. Loison aos juízes ordinários das ditas vilas, estes não se prontificaram como deveriam, nem o farão [a] menos que os oficiais deste juízo não exigir[em] as mesmas requisições por mandato meu independente dos mesmos juízes, que, por serem ordinários, o não fazem com o zelo que requer o serviço de Sua Majestade Imperial e Real, ao qual sempre me prontificarei sem a menor hesitação, e muito mais facultando-me V.ª Ex.ª a autoridade que exijo e espero.
Tenho a distinta honra de saudar a V.ª Ex.ª
O Juiz de Fora Domingos Moniz
[Fonte: Arquivo Histórico Militar, 1.ª div., 14.ª sec., cx. 5, doc. 17].