H.M.S. Hibernia, defronte de Cascais, 23 de Agosto de 1808
Senhor:
Havendo os franceses evacuado Setúbal, segundo a informação que recebi esta manhã; e esperando-se ali a cada hora o exército português, que sobe certamente a 4 mil ou a 5 mil homens, me faz sugerir a conveniência de destacar metade ou mais das tropas que estão na Maceira [=Porto Novo], debaixo do comando do Tenente General Moore, para as desembarcar em ou junto a Setúbal, que, com a assistência dos leais portugueses, se pode certamente tomar posse da margem esquerda do Tejo e prevenir efectivamente a retirada do Exército francês para Elvas.
Eu lembro isto na suposição de que nunca se poderá concordar nos artigos preliminares que li ontem, de maneira que façam um tratado definitivo tanto a favor do exército francês, batido duas vezes, e 30.000 homens de tropa inglesa em Portugal. Sem grande alteração nestes artigos, jamais poderei aceder a tal tratado.
Tenho a honra de ser, etc.
Cotton
[Fonte: Correio Braziliense, Abril de 1809, p. 310; Simão José da Luz Soriano, História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal. Compreendendo a História Diplomática, Militar e Política deste Reino, desde 1777 até 1834 – Segunda Época - Tomo V – Parte I, Lisboa, Imprensa Nacional, 1893, pp. 109-110].