Em consequência das ordens do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor General em Chefe do Exército de Portugal, participo a Vossa Mercê que, ficando Sua Excelência sumamente satisfeito da conduta dos habitantes na ocasião da saída da tropa espanhola que se achava nessa cidade, [e] na firmeza das intenções dos mesmos habitantes, manifestada pela tranquilidade que entre si conservarão e conservam, me ordenou que significasse a V.ª Mercê o referido para o fazer presente à Ilustríssima Câmara dessa cidade, e que igualmente lhe louva o zelo e actividade com que procedeu, esperando Sua Excelência que se porá em prática todos aqueles meios e providências que possam concorrer para que nem na mais pequena parte se altere o sossego público, em execução das ordens que se têm expedido por este Governo e que devem ser constantemente observadas; ficando na inteligência de que quaisquer proposições proferidas pelos espanhóis não podem ter outro objecto e fim que não seja perturbar a tranquilidade que o Governo com tão eficazes providências mantém em benefício geral, e prejudicar a felicidade dos povos. E participo igualmente para também o fazer presente na Câmara que imediatamente parte para essa cidade um General [Loison] com tropa suficiente para manter a segurança pública dessa mesma cidade e suas dependências, prevenindo-se para este efeito de antemão as acomodações necessárias para a receber na forma do costume, e fazendo-se limpar os quartéis públicos, de maneira que se possa servir deles sem o perigo de qualquer contágio que as tropas espanholas possam ter deixado.
Deus Guarde a Vossa Mercê.
Secretaria de Estado dos Negócios do Interior, em onze de Junho de mil oitocentos e oito.
Francisco Antonio Herman [sic]
[Fonte: Livro 98 das Vereações da Câmara do Porto, fls. 40, apud Artur de Magalhães Basto, "O Porto contra Junot" (Segunda Parte), in Revista de Estudos Históricos, vol. 1, nº. 3, 1924, pp. 88-89].