Ilustríssimos Senhores Juiz e mais vereadores da Câmara de Odemira:
Em consequência de uma carta de ofício que a Câmara de Faro dirigiu à Câmara desta cidade, cuja cópia remetemos a Vossas Senhorias, todo o povo desta cidade e o corpo militar tomou as armas e arvorou a bandeira portuguesa. Restabeleceram-se as antigas autoridades constituídas pelo nosso soberano o Príncipe Regente de Portugal, nosso senhor, e tudo está disposto para repelir o inimigo comum, cuja informação darão os portadores desta, que para isso vão autorizados. Rogamos portanto a Vossas Senhorias que tomem iguais e necessárias medidas dirigidas a um fim tão útil.
Deus guarde a Vossas Senhorias.
Lagos, em Câmara, aos vinte e três de Junho de mil oitocentos e oito.
Joaquim Nicolau Mascarenhas Cordovil
Joaquim António Vieira Belfort
José da Costa Franco
Joaquim Manuel Pimenta
Manuel José Cordeiro
Rodrigo Xavier de Azevedo Coutinho
P.S. Rogamos a Vossas Senhorias que façam transmitir este nosso espírito de patriotismo às Câmaras e povos imediatos.
[Fonte: Manoel João Paulo Rocha, Monographia - As forças militares de Lagos nas Guerras da Restauração e Peninsular e nas pugnas pela liberdade, Porto, Typographia Universal, 1909, pp. 175-176 (existe uma reedição pela editora Algarve em Foco, com o título Monografia de Lagos).
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Nota: Esta carta chegou a Odemira a 25 de Junho, donde foi reenviada (entre outros sítios?) para Vila Nova de Milfontes, onde chegou a 26, e daí para Santiago do Cacém. A resposta da Câmara desta última localidade à de Faro seria dada a 28 de Junho.