Ilustríssimos Senhores Presidente, Vereadores e Oficiais da Câmara da cidade de Faro:
Sendo presente neste Senado a sua carta rogativa e nacional de vinte do corrente mês, logo em consequência dela se renovou nos corações portugueses desta vila e suas freguesias anexas aquele Amor e invencível Lealdade que sempre se divisou nestes para com os Augustos Soberanos que nos têm governado: em altas vozes e com a maior alegria foi novamente aclamado o nosso Príncipe Regente, assim como reconhecida a sua Soberania por todos estes fiéis vassalos; também [ade]mais foi preso na vila de Sines o Governador francês que se achava ali governando, e também mais dois soldados da mesma nação: eles se entregaram sem resistência. E como assentamos [que] se deviam estes presos remeter aí à capital, para deles se dispor o que convém segundo as actuais circunstâncias, vão a ser remetidos escoltados, e acompanhando-os António Martins Leão, sujeito desta vila, em quem descobrimos as qualidades necessárias para a fiel entrega dos mesmos presos e sua bagagem.
Rogamos a Vossas Senhorias [que] queiram dar-nos não só a certeza da entrega, mas também participar-nos por este portador ou por outro ponteiro todas as novidades ou acontecimentos que nos possam ser úteis e a que nos devemos unir para defesa da Religião e da Pátria, no que Vossas Senhorias podem contar como infalíveis as vontades de todos estes habitantes.
Deus guarde a Vossas Senhorias muitos anos.
Santiago de Cacém, em Câmara de vinte [e] oito de Junho de mil oitocentos e oito.
Eu, Francisco de Paula e Sousa Brandão, escrivão da Câmara, que a subscrevi.
O Juiz de Fora Presidente da Câmara, Francisco Onofre de Faria
José Sebastião Pinheiro
José Joaquim Salema
Joaquim António de Contreiras
Carlos José [?] Roborel
[Fonte: Adérito Fernandes Vaz, Olhão da Restauração no tempo e a 1.º Invasão Francesa em 1808, no contexto regional e nacional – 2.º Volume, Olhão, Elos Clube de Olhão, 2009, pp. 86-87].