Excelentíssimo Senhor:
Às 4 horas desta tarde acabo de retirar-me com a divisão do meu mando, depois de ter conseguido desalojar os inimigos dos postos fortificados que tinham nas margens do rio, e apesar dos reforços que se lhes tinham enviado, foram igualmente obrigados a abandonar todas as posições militares que consecutivamente tinham tomado. Ficaram em nosso poder um canhão, um carro de munições e vários de transporte, as malas que tinham no seu acampamento, os seus mantimentos e alguns prisioneiros, entre os quais um Capitão de Couraceiros, tendo ficado no campo de batalha muitos deste corpo escolhido. As tropas do meu mando cumpriram os seus deveres e superaram o sofrimento das necessidades provocadas pelo calor, fome e sede; mas como a qualidade do terreno tornava interminável a série de ataques do inimigo, pelas novas posições que sucessivamente ia tomando, vi-me necessitado às duas horas da tarde a regressar a esta povoação, para que não aumentassem as vítimas do calor e do cansaço que tinham ficado no campo de batalha. A perda das melhores tropas do inimigo foi considerável, e os feitos da nossa bem servida artilharia contribuíram para batê-los em todas as suas posições, como igualmente o fizeram as nossas partidas de guerrilha e os diferentes corpos de linha, tendo-se distinguido os oficiais superiores da minha divisão e a maior parte dos chefes dos Regimentos, o que indicarei a Vossa Excelência particularmente. Na próxima carta darei parte a Vossa Excelência dos mortos e feridos, entre os quais se encontram vários oficiais de mérito e recomendação.
Deus guarde a Vossa Excelência muitos anos.
Mengíbar, 16 de Julho de 1808.
Teodoro Reding
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Nota:
Para melhor contextualização deste documento, veja-se a carta de 17 de Julho de 1808 que à Junta de Sevilha enviou o General Castaños, Comandante do exército espanhol reunido na Andaluzia.