segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Carta do General Wellesley ao Capitão Pulteney Malcolm, do navio Donegal (29 de Agosto de 1808)



Torres Vedras, 29 de Agosto de 1808, cinco e meia da tarde.



Meu caro Malcolm:

Capitão Dalrymple chegou esta manhã com a [primeira versão da] Convenção assinada pelo General Kellermann e pelo Coronel Murray; porém, como era tão censurável em tantas partes, convocou-se uma reunião dos oficiais Generais para deliberar e estabelecer as alterações que deveriam ser feitas, reunião esta que assisti. O resultado deste encontro foi uma proposta para se fazerem certas alterações, o que reconheço que não são suficientes, mesmo se o tratado [final] corresponder à sua forma emendada. Entretanto, o exército continua na sua posição actual, muito contra a minha opinião.
Tenho receio de que estou tão ligado à confiança deste exército que não poderei continuar nele sem falhar, como ele também falhará. Se eu tivesse alguma utilidade para os homens que me serviram tão bem, ficaria com eles para sempre; mas tal como as circunstâncias se encontram, estou seguro que não poderei ter qualquer utilidade para eles; estou convencido que eles não prestarão qualquer serviço, e estou determinado a regressar para casa imediatamente.
Ao mesmo tempo, devo dizer que aprovei a permissão dos franceses evacuarem Portugal porque vi claramente que não os podemos expulsar de Portugal doutra forma, perante as actuais circunstâncias, sem um tal tipo de acordo; e [em caso contrário] estaríamos ocupados no bloqueio ou cerco das praças que eles ocupariam durante a estação em que deveríamos e poderíamos estar ocupados mais vantajosamente contra a França na Espanha. Porém, a convenção, através da qual eles terão a permissão para evacuar Portugal, será decidida da forma mais honorável pelo exército que os derrotou; e não deveríamos ter ficado durante dez dias no nosso campo de batalha, dado que o inimigo pediu os termos [da capitulação] um dia depois da acção [do Vimeiro].
Estou bastante incomodado com este assunto. 
Acreditai em mim, etc.,

Arthur Wellesley