Assim que D. João foi avisado, no dia 24 de Novembro, pelo Coronel Lecor, de que os franceses estavam na zona de Abrantes, foi reunido um Conselho de Estado extraordinário em Mafra, onde se determinou a "transferência" da corte para o Brasil. Segundo José Acúrsio das Neves, "todas as providências foram dadas para um pronto embarque, para o qual foram avisados oficialmente os Ministros de Estado, os Conselheiros, e as personagens distintas, que o Príncipe Regente resolveu que o acompanhassem. Insinuações e ordens amplas foram igualmente dadas para se receberem a bordo da esquadra e dos navios de transporte que se achavam prontos, todos os portugueses que quisessem sair e pudessem acomodar-se neles, e com preferência os indivíduos do corpo militar e da marinha, aos quais foi dada a liberdade de irem ou ficarem, à excepção daqueles a que por ordens particulares se determinou o destino. Até se expediram ordens ao consulado para se facilitarem os embarques de facto, e mesmo de fazendas dos passageiros, sem pagarem direitos. Nada escapou à vigilância do Soberano para auxiliar a retirada de todos os seus vassalos que queriam fugir à escravidão; mas eram muitos os que pretendiam embarcar, e poucos os navios" (in José Accursio das NEVES, História Geral da Invasão dos Franceses em Portugal, e da Restauração deste Reino – Tomo I, 1809, Lisboa, pp. 162-163).
A esse respeito, nesse mesmo dia 24, entre muitos outros expedientes e avisos que se fizeram, António de Araújo de Azevedo, em nome da Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, dirigiu a seguinte ordem ao Monteiro Mor do Reino e Governador do Reino do Algarve, o Conde de Castro Marim, D. Francisco de Melo da Cunha Mendonça e Meneses, que se encontrava precisamente na província que governava:
O Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor o Príncipe Regente Nosso Senhor, tendo resolvido retirar-se para o Brasil em atenção às presentes circunstâncias, determina que Vossa Excelência haja de fazer aprontar todas as embarcações que se acharem nos portos desse Reino [do Algarve] a fim de conduzirem todas as pessoas que quiserem acompanhar a Sua Alteza Real, cujas despesas e transportes lhe serão exactamente satisfeitas, tirando Vossa Excelência de qualquer cofre o dinheiro necessário para fornecer de víveres as ditas embarcações.
Deus Guarde a Vossa Excelência.
Palácio de Mafra, 24 de Novembro de 1807.
António de Araújo de Azevedo.
A esse respeito, nesse mesmo dia 24, entre muitos outros expedientes e avisos que se fizeram, António de Araújo de Azevedo, em nome da Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, dirigiu a seguinte ordem ao Monteiro Mor do Reino e Governador do Reino do Algarve, o Conde de Castro Marim, D. Francisco de Melo da Cunha Mendonça e Meneses, que se encontrava precisamente na província que governava:
Deus Guarde a Vossa Excelência.
Palácio de Mafra, 24 de Novembro de 1807.
António de Araújo de Azevedo.
Muito provavelmente esta ordem foi recebida dias depois da corte estar em mar alto... Foi por isso que o conde não partiu para o Brasil? Não. O motivo porque ninguém saiu do Algarve para se juntar à corte foi anotado pelo próprio conde, três meses mais tarde: "infelizmente sucede o não achar-se nos referidos portos embarcação alguma susceptível a uma semelhante viagem".
Estaria assim tão convencido o futuro Marquês de Olhão?
Estaria assim tão convencido o futuro Marquês de Olhão?
Conde de Castro Marim,
futuro Marquês de Olhão
futuro Marquês de Olhão