Fazemos aqui um parêntesis na ordem cronológica que estamos a tentar seguir para avisarmos os interessados que vai decorrer uma nova apresentação pública duma obra publicada em 1809 e recentemente reeditada, intitulada "Restauração dos Algarves ou os Heróis de Faro e Olhão". Os vídeos da anterior apresentação (que decorreu em Faro) podem ser consultados aqui.
Deixamos abaixo o texto do convite da APOS, associação que teve a iniciativa de concorrer com este texto (revisto, actualizado, anotado e prefaciado pelo autor das presentes linhas) a um prémio de apoio à edição promovido pela Direcção Regional de Cultura do Algarve, facto que permitiu (juntamente com os outros apoios abaixo mencionados) a reedição desta obra:
A APOS (Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão) convida para no próximo dia 18 de Junho (sábado) de 2011, pelas 16h, comparecerem à apresentação do livro histórico "Restauração dos Algarves ou os Heróis de Faro e Olhão", na Sociedade Recreativa Olhanense (Av. da República, nº 14, Olhão).
O livro em causa é uma peça de teatro de Luís de Sequeira Oliva, escrita em 1809, sobre a revolta ocorrida no Algarve uns meses antes, contra as tropas napoleónicas da 1ª Invasão Francesa.
O início desta revolta foi em Olhão em 16 de Junho de 1808, na época uma pequena aldeia de pescadores sem aristocracia, e que depois se alastrou a Faro e, finalmente, a todo o Algarve. Chamamos a atenção para a importância deste momento histórico para o Algarve, pois que esta 1ª Invasão Francesa foi a única ocupação por tropas estrangeiras que aqui ocorreu, desde que a província é portuguesa.
Edgar Cavaco encontrou esta peça de teatro nos arquivos da Biblioteca Nacional e foi o responsável pela adaptação e contextualização da obra. A APOS (Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão) e a editora Licorne, com o apoio primeiro da Direcção Regional da Cultura do Algarve e da Câmara Municipal de Faro, e recentemente da de Olhão, publicou o livro.
Luís de Sequeira Oliva, que escreveu a peça em 1809, era então um dos autores mais fecundos da literatura patriota que na época proliferaram em Portugal, e baseou-se nesta revolta concreta de Olhão, talvez pelas razões expressas numa outra sua obra: “Os habitantes desta para sempre memorável população de pescadores não só tiveram a glória de serem os primeiros que sacudiram o tirânico jugo dos franceses em Portugal, mas a outra não menor de serem os primeiros que, embarcados num frágil esquife, afrontando as procelosas vagas do Atlântico, foram ao Rio de Janeiro noticiar ao nosso amado Príncipe a feliz Restauração de Portugal nos Algarves. Estes sim, são verdadeiros descendentes dos Gamas e Albuquerques”.
Mais do que uma obra literária importante, é sobretudo um documento histórico muito interessante para fazer a análise da revolta algarvia, nomeadamente a importância mediática que esta revolta teve no País, a existência da censura que tentava esconder os colaboracionismos de alguns portugueses de nomeada, e o protagonismo da mulher olhanense na revolta.
A apresentação será feita pela APOS (António Paula Brito) e com algumas cenas recriados pelos jovens do projecto teatral Bom Sucesso (MOJU), dirigidos pelo actor Fernando Cabral.