terça-feira, 16 de novembro de 2010

Reedição da Restauração dos Algarves, ou os Heróis de Faro e Olhão



Faço aqui um parênteses para relembrar um episódio pouco conhecido e fazer um pouco de publicidade, com o anúncio da publicação recente de uma obra intitulada Restauração dos Algarves, ou os Heróis de Faro e Olhão (originalmente impressa em 1809), escrita por L.S.O. Português, pseudónimo de Luís de Sequeira Oliva e Sousa Cabral. Trata-se da segunda edição impressa (acima pode ver-se a folha de rosto da primeira edição) de um "drama histórico em três actos", actualizado ortograficamente, prefaciado e anotado pelo autor das presentes linhas. 


Luís de Sequeira Oliva foi um dos escritores mais fecundos que surgiram após o fim da primeira invasão francesa, quando se assistiu a uma vastíssima proliferação de literatura patriota, conservadora e anti-francesa. Para a composição da Restauração dos Algarves, ou os Heróis de Faro e Olhão, Luís de Sequeira Oliva quis aproveitar o teatro como uma escola que difundisse os exemplos do espírito patriótico (que se julgava necessário fortalecer naquele tempo, à beira ou já mesmo durante a segunda invasão francesa), baseando-se num exemplo concreto da restauração da independência - o da revolta que se iniciou em Olhão e que foi seguida por Faro (e por todo o Algarve) -, talvez pelas razões expressas numa outra sua obra (Verdadeira vida de Bonaparte até à feliz restauração de Portugal): “Os habitantes desta para sempre memorável população de pescadores não só tiveram a glória de serem os primeiros que sacudiram o tirânico jugo dos franceses em Portugal, mas a outra não menor de serem os primeiros que, embarcados num frágil esquife, afrontando as procelosas vagas do Atlântico, foram ao Rio de Janeiro noticiar ao nosso amado Príncipe a feliz Restauração de Portugal nos Algarves. Estes sim, são verdadeiros descendentes dos Gamas e Albuquerques”.

A julgar por estas e por outras palavras que em quase todas as suas obras este autor dedicou ao episódio ocorrido em Olhão, podemos ter uma ideia razoável do que foi a notícia bombástica, que então ecoou possivelmente por todo o país, duma pequena aldeia de pobres pescadores – não ficando as mulheres de fora – que não só ousara insurgir-se contra os soldados de Napoleão, mas que igualmente vencia, com escassos meios, um exército que era então um dos mais temíveis e invencíveis do mundo, dando ao mesmo tempo um exemplo que seria seguido em todo o Algarve; e que, finalmente, continuando no mesmo regime de ousadia, atrevera-se a atravessar um oceano desconhecido, num pequeno caíque, para comunicar ao príncipe regente, refugiado no Brasil, a ditosa ocorrência.



A edição original desta obra pode ser consultada na Biblioteca Nacional Digital. A edição actualizada que agora se publica está disponível para consulta online na página da APOS (Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão). Finalmente, quem estiver interessado em comprar a impressão em livro desta última versão (cuja capa se publica acima), pode contactar directamente com a Editora Licorne
Abaixo inserem-se as filmagens da primeira apresentação pública do livro, que decorreu no dia 5 de Fevereiro de 2011, na Biblioteca Municipal de Faro António Ramos Rosa, com a participação de António Paula Brito (da parte da APOS), do professor da Universidade do Algarve Dr. António Rosa Mendes, do Eng. Macário Correia, Presidente da Câmara Municipal de Faro, e da dr.ª Dália Paulo, Directora Regional da Cultura do Algarve.



I PARTE




II PARTE