Depois de expor o amor e saudade que os vassalos portugueses têm pelo seu Príncipe, e as indignas violências sofridas pelo povo debaixo da opressão francesa, passa a descrever a Restauração do Algarve do modo seguinte.
No dia 16 de Junho, ao ler-se em Olhão um Decreto de Junot, o valeroso Ex-Governador José Lopes de Sousa o arranca, pisa-o aos pés, e virando-se para o povo exclama: “Já não há portugueses!”. Este brado é ouvido dos pobres pescadores daquela terra, pedem-lhe que os comande, assim o faz, e os franceses são obrigados a fugir, desamparando todos os postos que ocupavam. O General francês residente nesta Cidade manda uma coluna de tropas para castigar um tão grande patriotismo, esta é rechaçada, e retira-se sem efeito. A 19 do corrente, pelas 3 da tarde, é investido em Faro o General francês; sua guarda obrigada a entregar as armas, as munições, casa, General e Oficiais, que até pelos rapazes são levados à prisão. Os franceses que guarneciam as terras deste Reino do Algarve são por toda a parte afugentados, e a coluna que fora rechaçada em Olhão, sendo recebida na volta a esta cidade de Faro por uma descarga de metralha, é constrangida a fugir. Enfim, Senhor, o nosso território, até aqui usurpado, está livre de franceses; e este oferecemos agora a Vossa Alteza Real com as nossas vindas, e fazendas. Por toda a parte deste Reino soa: “Viva o nosso amado Príncipe”; “Viva a Casa de Bragança”. Eu e toda a corporação desta Alfândega o temos mil vezes repetido, e com o mais profundo respeito desejamos receber já as ordens do nosso Príncipe, e rogamos a Deus [que] conserve a saúde a Vossa Alteza e a toda a Família Real, etc., etc.
Faro, 30 de Junho de 1808.
Manuel Carlos de Andrade
[Fonte: Gazeta do Rio de Janeiro, n.º 5, 28 de Setembro de 1808].
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Observação: Desta carta só se conhece o "extracto" acima transcrito, tal como foi publicado no número citado da Gazeta do Rio de Janeiro. O primeiro parágrafo parece-nos apócrifo, e talvez tenha sido introduzido apenas para resumir o que o autor escrevera antes.