Bayona, 22 de Abril de 1808
Estávamos a partir para Bordeaux a cumprimentar a Imperatriz, mas veio notícias de que a mesma soberana chega aqui por estes dois dias. Aqui se acha Fernando VII, Rei de Espanha, com um Infante seu irmão, que vieram a cumprimentar ao Imperador e têm lhe feito todos os obséquios. Corre voz que também virá aqui o velho Carlos IV e a Rainha sua mulher. Enfim, está Bayona com um Congresso em si, como talvez nunca se visse em cidade alguma de França, fora de Paris. É provável que quando chegar aí esta minha carta tenha já chegado a suspensão da contribuição dos 40 milhões, que se afirma ter ido para dois ou três dias por um correio. A Deputação portuguesa vai fazendo as suas sessões e preparando-se para fazer os seus ofícios perante o Imperador e Rei, na forma da faculdade que Sua Majestade Imperial e Real se dignou a conceder. As esperanças do bom êxito não podem ser mais lisonjeiras e gratas; Deus prospere tão importante negócio, etc., etc.
[Fonte: João Francisco Marques, "O clero nortenho e as invasões francesas - patriotismo e resistência regional", in Revista de História, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, n.º 9, 1989, pp. 165-246, p. 235].