Badajoz, 7 de Julho
As praças de Campo Maior e Ouguela entregaram-se às armas do nosso augusto Soberano o sr. D. Fernando VII pelos portugueses que vieram implorar o nosso auxílio. Por este motivo o Capitão-General da Extremadura mandou que se celebrasse uma missa solene de acção de graças a Nosso Senhor, que se executou a 4 de Julho. Foi um espectáculo tão terno como terrível, ver as duas nações prostradas ao pé dos altares, na presença do Nosso Senhor Sacramentado e à vista dos Reais estandartes, a prestar o juramento mútuo de se socorrem e auxiliarem-se com todas as suas forças contra o inimigo comum, correspondendo o povo com vivas e aclamações a este solene juramento.
As povoações do Alentejo, como Évora e suas imediações, Mourão, Monsaraz, e outras, enviaram comissionados a Badajoz para pedir armas, munições e tropas. As ditas povoações desejam com vivas ânsias ser ocupadas pelos nossos exércitos.
D. Andrés Alvarez Guerra, habilitado por esta Suprema Junta para formar um batalhão de infantaria ligeira com o nome de Caçadores da Extremadura, manifestou que pagaria todo o valor do armamento inteiro dos soldados do exército inimigo que passassem para o nosso, bem como uma gratificação de 160 reales; e metade para aqueles que só trouxessem o seu novo armamento. Dar-se-á farda completa aos que sejam admitidos no seu Regimento. Já vieram de Portugal 166 soldados, que se incorporam no dito corpo.
O exército francês de Lisboa não passa de 16.000 homens. Os seus Generais reuniram-se para tratar dos meios de se escaparem. Nesta reunião houve muitas altercações, das quais resultou ferido o Intendente [Lagarde].
[Fonte: Gazeta Ministerial de Sevilla, n.º 14, 16 de julio de 1808, p. 110-111].