Senhor:
Tenho a honra de confessar a Vossa Excelência o recebimento da sua carta datada de 18 do corrente [mês de Julho], e sinceramente espero que antes que esta chegue a Vossa Excelência, terá chegado de Inglaterra socorro de oficiais, tropas, armas e munições ao Porto; um exército considerável tendo embarcado e feito à vela de Cork no dia 3 do presente, como tenho sabido, destinado ao auxílio de Portugal em consequência das minhas representações feitas ao governo de Sua Majestade Britânica.
Eu espero que Vossa Excelência me faça a justiça de persuadir-se que eu sinto o mais vivo interesse no sucesso da gloriosa causa em que Vossa Excelência toma o comando, e espero que nenhum imediato perigo o possa ameaçar, antes pelo contrário (do espírito de lealdade e patriotismo agora geralmente manifestado por todo o reino de Portugal, e do grande sucesso obtido pelos espanhóis, bons patriotas contra o inimigo comum, do qual eu tenho a honra de enviar uma relação), que a mais venturosa consequência há de ser o resultado, não só a Portugal e Espanha, mas à Europa e ao mundo.
Com a maior consideração e respeito, eu tenho a honra de ser, Senhor, de Vossa Excelência o mais humilde e obediente criado.
C. Cotton
[Fonte: José Accursio das Neves, Historia Geral da Invasão dos Francezes em Portugal, e da Restauração deste Reino - Tomo V, Lisboa, Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1811, p. 48].