sábado, 25 de junho de 2011

Notícias publicadas na Gazeta de Lisboa (25 de Junho de 1808)



Lisboa, 25 de Junho


Aqui se acaba de publicar o decreto seguinte, cujo conhecimento interessa a todos os habitantes, porque importa a cada um conformar-se a ele no mais curto prazo. Não é mais que o modo de executar uma medida que estava determinada havia muito tempo, e na qual todos aqueles que têm alguma coisa que perder, devem ver uma nova garantia, assim das suas pessoas como dos seus bens:




Tornamos a dar este decreto, por ter saído incorrecto, conforme o exemplar transcrito no 2.º Suplemento [da Gazeta de Lisboa], n.º 24:




É certo ao que parece que se vai a restabelecer mui prontamente a liberdade de comunicação entre Portugal e Espanha; e que já se avistou uma das divisões do exército de Sua Alteza Imperial o Grão-Duque de Berg entre Plasencia e Coria, ao encaminhar-se para Alcántara
Por outrar parte referem algumas cartas de França que para reprimir mais rapidamente o desvario momentâneo de algumas províncias da Espanha, mandou Sua Majestade o Imperador e Rei que passasse de Paris a Bayonne pela posta o magnífico corpo da Guarda Imperial, composto de mais de 12 mil homens das mais belas e mais aguerridas tropas da Europa, e isso além do corpo de 60 mil homens que chega sucessivamente de Itália pelas fronteiras de Perpignan. 
Não se pode já duvidar de que os rebeldes de Sevilha tenham sido destroçados por uma parte do corpo de exército do General Dupont, o qual se adiantava para aquela cidade*. Entre outras provas citaremos a de que a Junta revolucionária de Sevilha, que se intitula Junta Superior, mandou, depois do combate, depor e prender o General [Pedro Agustín de] Echavarri, que comandava da sua parte. 

[Fonte: 1.º Suplemento à Gazeta de Lisboa, n.º 25, 25 de Junho de 1808]. 

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Nota: 

* Referência à batalha da ponte de Alcolea, travada na manhã de 7 de Junho de 1808, onde cerca de 22.000 espanhóis tentaram travar o passo pela Andaluzia duma divisão de 4.000 homens comandados pelo General Dupont. A emboscada foi um completo fiasco para os espanhóis, que apesar do seu número superior foram obrigados a retirar-se (embora se deva dizer que a grande maioria era composta por populares e não por militares profissionais como os de Dupont). Pouco depois, os franceses entravam vitoriosos em Córdova, que em represália foi brutalmente saqueada durante os três dias seguintes. 
Ver a este respeito Raquel Feria, "Córdoba, 7 de junio de 1808", in Sierra Albarrana, n.º 114, Ano XX, junio-julio 2008, pp. 4-9].