Secretaria dos Negócios Estrangeiros, 12 de Junho de 1808.
Caros Senhores:
Transmiti ao Rei meu amo a carta que a Junta geral do Principado das Astúrias incumbiu Vossas Senhorias de trazer a Sua Majestade, bem como os poderes com que foram autorizados para pedir em nome da Junta a ajuda de Sua Majestade.
O Rei manda-me assegurar a Vossas Senhorias que Sua Majestade vê com o mais vivo interesse a determinação leal e valorosa do Principado das Astúrias para manter uma contenda pela restauração e independência da Monarquia espanhola contra a usurpação atroz da França.
Deste modo, Sua Majestade está disposta a conceder todo o género de apoio e assistência a um esforço tão magnânimo e digno de elogios.
Conforme a esta disposição, Sua Majestade serviu-se mandar que embarquem sem demora para o porto de Gijón os artigos de socorros militares que Vossas Senhorias detalharam como sendo os mais necessários para já; e deu ordens para que se dirija às costas das Astúrias uma força naval suficiente para protegê-la contra qualquer tentativa que a França possa fazer para introduzir tropas por mar no país. Sua Majestade terá gosto em fazer qualquer esforço posterior em apoio de uma causa tão justa.
O Rei manda-me declarar a Vossas Senhorias que está Sua Majestade pronta a estender o seu apoio a todas as demais partes da Monaquia espanhola que se mostrem animadas do mesmo espírito que os habitantes das Astúrias; e ainda que o seu desejo sincero é renovar os vínculos de amizade que subsistiram por tanto tempo entre as duas nações, e dirigir os seus esforços unidos contra aquela potência que se mostrou não menos inimiga da Espanha que da Grã-Bretanha.
Devo recomendar que não se perda tempo em avisar a Junta geral das Astúrias do modo que se serviu Sua Majestade acolher as proposições que lhe chegaram através de Vossas Senhorias, e participo-lhes que se acha pronta em Portsmouth uma embarcação para conduzir qualquer pessoa que tenham o gosto de enviar com esta comunicação.
Tenho a honra de ser, com a maior consideração, o mais atento e seguro criado de Vossas Senhorias.
George Canning
[Fonte: Demostracion de la lealtad espanola: coleccion de proclamas, bandos, ordenes, discursos, estados de exercito y relaciones de batallas publicadas por las juntas de gobierno o por algunos particulares en las actuales circunstancias - Tomo Segundo, Cádiz, 1808, pp. 21-22; Carta Misiva del Principado de Asturias a S.M. Británica sobre las circunstancias actuales de la España, y la contestacion de este Soberano, Valencia, Joseph de Orga, 1808. Existe uma outra tradução portuguesa publicada por José Accursio das Neves, Historia Geral da Invasão dos Francezes em Portugal, e da Restauração deste Reino - Tomo V, Lisboa, Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1811, pp. 17-19].