No mesmo dia em que as primeiras tropas espanholas estacionavam a uma légua de Tavira, os membros da Câmara Municipal de Faro reuniram-se para determinarem os últimos preparativos para o respectivo aboletamento (como se pode ver da acta abaixo transcrita), que por sua vez já tinha sido começado a aprontar dois meses antes, como já ficou dito.
Acta de Vereação da Câmara Municipal de Faro
Em vista do que constou a este Senado a respeito do aquartelamento da tropa que se espera, o mesmo Senado, com séria deliberação, encarrega do mesmo aquartelamento respectivo à mesma oficialidade ao Senhor Desembargador José Duarte da Silva Negrão, a quem presta toda a Jurisdição para fazer mobilar de todo o necessário todas as casas que estiverem devolutas na vila, tanto as que forem ofertadas pelos seus próprios donos, como também todas as outras que em tais circunstâncias se acharem nesta cidade, e isto até amanhã ao meio-dia, em que andem contar dezoito do corrente, com obrigação de que todas as pessoas que concorrerem para o mesmo aquartelamento prestarem por política e civilidade a hospedagem dos primeiros dias; podendo o dito Senhor para este fim chamar os oficiais de Justiça que lhe forem precisos, dando igualmente conta a este Senado pelas duas horas do mesmo dia, na inteligência que excedendo o número dos oficiais que vêem ao que constar dos aquartelamentos que se fizerem, procederá este, então, a respeito do excesso de oficiais que houver no aquartelamento deles, segundo a determinação que tem tomado a este respeito.
Faro, em Câmara de 17 de Dezembro de 1807. Fonte: Alberto IRIA, A Invasão de Junot no Algarve, p. 347 (Doc. 15)