Lavos, 2 de Agosto de 1808.
Tenho a honra de receber a carta que Vossa Excelência me escreveu, e estou muito obrigado a Vossa Excelência pelo oferecimento dos seus serviços, que me fez. Eu sentiria muito que Vossa Excelência, para me fazer uma visita, deixasse os seus importantes negócios do seu cargo; espero ter o gosto de vos encontrar quando a derrota do inimigo nos der a ambos algum descanso.
Tenho a honra de ser.
Vosso obediente e humilde servo,
A. Wellesley
[Fonte: José Accursio das Neves, Historia Geral da Invasão dos Francezes em Portugal, e da Restauração deste Reino - Tomo V, Lisboa, Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1811, p. 63].
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Nota:
Diz Acúrsio das Neves que esta carta de Wellesley foi uma resposta a uma outra missiva que o Governador e Capitão de Milícias de Pombal lhe tinha escrito: "Francisco Peregrino de Meneses (assim se chamava o Governador do Pombal), tanto que foi informado da chegada de Wellesley à baía do Mondego, escreveu-lhe uma carta mais patriótica do que eloquente, em que lhe expressava os testemunhos do seu prazer e de toda a nação pela vinda do General e do exército britânico, e lhe oferecia, em nome de todos os moradores do seu distrito [=termo], o seu dinheiro, os seus frutos, os seus transportes e as suas pessoas, e no seu nome particular os donativos da sua casa e a vontade que tinha de o ir visitar e agradecer-lhe da parte do Príncipe Regente o bem da liberdade que se esperava do seu auxílio, o que faria se lho não embaraçassem os negócios do seu Governo, que não lhe deixavam livre um momento, achando-se ocupado principalmente em impedir que os inimigos tivessem conhecimento dos nossos movimentos, pois não o haviam conseguido, tendo estado em Leiria, dali somente 5 léguas. Dava-lhe uma breve ideia do estado das coisas do país, e remetia-se ao portador da carta, que era um seu espia, para melhor o informar das forças e movimentos do inimigo.
Esta carta e estas informações deviam ser não só agradáveis mas também muito úteis a Wellesley, porque ainda que entrou logo em comunicações directas com o Governador de Coimbra, este não podia transmitir-lhe tão breve as notícias" [cf. op. cit., pp. 61-63].