Quartel-General de Lavos, 9 de Agosto de 1808.
Senhor:
Tenho a honra de vos informar que ontem à noite chegaram aqui dois Deputados do Algarve, requerendo que eu lhes fornecesse 10.000 conjuntos de armas. Estou disposto a fornecer armas para as tropas regulares que possam ter sido reunidas naquela parte de Portugal; e ser-vos-ei muito agradecido se me deixardes saber a vossa opinião sobre o número de homens realmente soldados que se reuniram naquela parte, aos quais deverei dar armas. Deveis estar consciente de que o número de armas que a Grã-Bretanha pode fornecer a Espanha e a Portugal tem de ser limitado; que as armas não podem ser dadas aos meros paisanos do país com qualquer expectativa de sucesso; que se eles estão assim tão dispostos [a ser armados], o seu fornecimento diminuirá o número [de armas] que poderia de outro modo ser dado às tropas regulares; e devo confiar em vós para me informardes se é apropriado que eu deva dar à província do Algarve quaisquer armas, e em que número.
Em consequência da informação que aqui foi recebida na noite passada acerca do avanço do inimigo em direcção a Leiria, reforcei com duas Brigadas de Infantaria a minha guarda avançada, que em qualquer caso terá marchado esta manhã, as quais mandei para diante; e a parte restante do Exército marchará amanhã.
Tenho a honra de ser o vosso mais obediente e humilde servidor.
Arthur Wellesley
[Fonte: Luís Henrique Pacheco Simões (org.), "Serie chronologica da correspondencia diplomatica militar mais importante do General Bernardim Freire de Andrade, Commandante em Chefe do Exercito Portuguez destinado ao resgate de Lisboa com a Junta Provisional do Governo Supremo estabelecido na cidade do Porto e o Quartel General do Exercito Auxiliar de S. Magestade Britanica em Portugal", in Boletim do Arquivo Histórico Militar - Vol. I, Lisboa, 1930, pp. 153-227, pp. 171-172 (doc. 8)].