Espanhóis e amados vassalos, homens pérfidos se ocupam em perder-vos; e quereriam dar-vos armas para que as empregásseis contra as tropas francesas, desejando reciprocamente excitar-vos contra elas, e a elas contra vós. Qual seria o resultado de tão sinistras intenções? Nenhum outro por certo senão o saque de toda a Espanha, e desventuras de toda a espécie.
Ainda se acham em agitação os ânimos facciosos, que tanto me têm feito padecer; e em circunstâncias tão importantes como críticas, estou ocupado em me entender com o meu aliado o Imperador dos franceses sobre quanto é relativo à vossa felicidade. Mas previno-vos que não deis ouvidos aos seus inimigos; os que vos sugerem ideias contra a França estão sequiosos do vosso sangue, e ou são inimigos da nossa nação, ou agentes da Inglaterra; se lhes derdes ouvidos, ocasionareis a perda das vossas colónias, a divisão das vossas províncias, e uma série de turbulências e infortúnios para a vossa pátria.
Espanhóis, confiai na minha experiência, e sede obedientes a autoridade que devo ao Todo Poderoso e a meus pais, segui o meu exemplo, e ficai persuadido de que só a amizade do Grande Imperador dos franceses, nosso aliado, pode salvar a Espanha e promover a sua prosperidade.
Dado em Bayonne, no Palácio Imperial chamado do Governo, a 4 de Maio de 1808.
Eu El-Rei
[Fonte: 1.º Supplemento à Gazeta de Lisboa, n.º 20, 20 de Maio de 1808].