Governo Militar da Extremadura
Circular
Os avisos que se receberam manifestam que o nosso amado Soberano e o Governo encontram-se num risco iminente, e quando todas as povoações encontram-se dispostas a morrer antes que seja destruído o Governo, convém que V[ossa Mercê] faça publicar em todas as [povoações] da sua jurisdição que, ainda que as notícias não são de todo autênticas, devem ser suficientes para que os bons espanhóis se armem e disponham a defender a sua pátria, se por desgraça for certo que os nossos aliados corresponderam com perfídia à amizade e boa fé com que os recebemos. Em consequência, e sendo preciso para a nossa conservação e defesa que esta se faça com a maior ordem e que correspondamos assim às esperanças da pátria, V[ossa Mercê] abrirá três expedientes:
No primeiro, alistar-se-ão todas aquelas pessoas que enquanto durarem as circunstâncias queiram servir nos regimentos de linha que temos na província e que convêm ser aumentados até 2.000 homens cada um.
No segundo, [alistar-se-ão] todos quantos queiram servir no terço ou terços da [sua] povoação, os quais levarão a bandeira e divisa que sejam servidos escolher, e ser-lhes-ão assinalados oficiais que os instruam e dirijam.
No terceiro, serão dispostos todos aqueles que possam servir com cavalos e armas, aos quais ser-lhes-á dada a mesma organização que a anterior, e que tudo isto se execute com a brevidade do raio, para que o inimigo, se chega a sê-lo, se convença que os espanhóis jamais conhecem perigos quando é preciso salvar e vingar o rei, a religião e a pátria.
A fim de que se encontre pronto caso seja necessário empreender uma marcha, V[ossa Mercê] deve ter convocado o número de carros e mulas que são necessários para conduzir víveres e efeitos precisos para subsistências e munições que levarão consigo.
Eu glorifico-me e honro-me de ser Comandante General duma província, fiel e valente, que em nenhum tempo desmentiu o seu valor, e prometo que nesta ocasião se acreditará mais que nunca que sabemos preferir todos os contratempos e todos os trabalhos a uma opressão injusta.
Deus guarde a V[ossa Mercê] muitos anos.
Badajoz, 5 de Maio de 1808.
[Fonte: D. Nicolás Díaz y Pérez, Extremadura (Badajoz y Cáceres), Barcelona, Establecimiento Tipográfico-Editorial de Daniel Cortezo e C.ª, 1887, pp. 247-248].