José António de Sá, magistrado que em 1810 mandou publicar anonimamente uma Demonstração analítica dos bárbaros e inauditos procedimentos adoptados como meios de justiça pelo Imperador dos franceses para a usurpação do trono da Sereníssima e Augustíssima Casa de Bragança..., abordava num dos capítulos desta obra o "comportamento altivo de todos os funcionários do Governo intruso", referindo que a primeira demonstração deste comportamento foi preconizada quando Junot, "logo na sua entrada e ainda antes de declarar-se Governador de Portugal e Duque de Abrantes, recebia de pé as visitas de maior graduação". Posteriormente, já depois da instalação do Governo intruso, o mesmo Junot "obrigou por ordens circulares a todas as repartições a prestarem-lhe, em forma cerimonial, cortejos só devidos à primeira soberania". [in Demonstração analytica dos barbaros e inauditos procedimentos adoptados como meios de justiça pelo Imperador dos francezes para a usurpação do throno da Serenissima e Augustissima Casa de Bragança, e da Real Coroa de Portugal, com o exame do Tratado de Fontainebleau, Exposição dos Direitos Nacionais e Reaes, e da informe Junta dos Tres Estados para supprir as Cortes. Offerecida ao Juizo imparcial das Nações Livres, Lisboa, Impressão Regia, 1810, p. 20].
As ordens circulares mencionadas anteriormente são as seguintes:
Sua Excelência o Governador de Paris, Primeiro Ajudante de Campo de Sua Majestade Imperial e Real, e General em Chefe do Exército francês em Portugal, manda participar a tal tribunal que no dia de terça-feira, 9 do corrente, receberá sem precedência das 2 horas da tarde até às 5 os cumprimentos dos ministros de que se compõe o mesmo tribunal, ao qual Vossa Senhoria fará presente para sua inteligência e cumprimento.Deus Guarde a Vossa Senhoria.Secretaria de Estado do Interior, 8 de Fevereiro de 1808.
Francisco António Herman [sic]
[Fonte: Op. cit., p. 280]