domingo, 14 de novembro de 2010

Proclamações inglesas


Em data desconhecida, mas que se presume ser de meados de Dezembro de 1807, foi emitida na Grã-Bretanha a seguinte proclamação, dando a conhecer a sorte da família real portuguesa e ordenando à marinha britânica a livre circulação das embarcações portuguesas:


Sua Majestade Britânica, o Parlamento e Câmara dos Comuns faz saber à nação britânica que o seu prezado e antigo aliado, o Príncipe Regente de Portugal, por não querer unir-se ao Governo francês e querer estreitar mais os vínculos de amizade com a Grã-Bretanha, houve por bem retirar-se com sua soberana família para os seus estados do Brasil, e situar-se no Rio de Janeiro. Este grande Príncipe, o mais rico do universo, para abandonar a aliança francesa e unir-se à nossa, quis deixar a pátria em que nasceu, os seus tesouros e bens, e é o primeiro soberano que atravessa os mares além dos trópicos, e vai a ser o mais opulento do globo. 
O Rei jura, jura o Parlamento, e eu, pela nação, em como defenderão e vingarão este Príncipe dos seus inimigos, e sacrificarão toda a sua força naval e indústria nacional para defender este heróico Príncipe; portanto, mandam o Rei e o Parlamento aos muitos honrados Almirantes e chefes das Armadas britânicas, assim de guerra como mercantes, que todo o navio português que for encontrado com passaporte português seja considerado livre a sua bandeira portuguesa em todos os mares de que somos senhores, assim como se lhe dará todo o auxílio que eles pedirem, tanto de comboio como de dr.º [direito?], ou mantimentos, advertindo que isto se lhes ordena com eficácia como se fossem os mesmos ingleses.
Nesta acção mostra a Grã-Bretanha ser a mais forte, respeitável e independente do universo.

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No dia 22 de Dezembro de 1808, o rei Jorge III faz publicar na Europa o seguinte apelo, declarando o fim do bloqueio continental em nome da conservação da aliança com Portugal:

Potências do Continente, Sua Majestade Britânica vos convida para que, unidas, vingueis o atentado cometido contra o heróico Príncipe de Portugal, para assustarem duma vez contra a orgulhosa nação que horroriza o universo, e tornar a pôr de posse aquele Príncipe daquilo que tão gloriosamente ganharam os seus antepassados. Sua Majestade protesta [=declara] desfazer o bloqueio geral já formado se nisto convierem, ou, aliás, imortalizar o nome britânico; declara guerra não só à Europa, mas se necessário for a todo o mundo, ou sucumbir debaixo das mesmas ruínas; nisto verá a posteridade um herói que para conservar uma amizade deixa a pátria e bens, e um amigo agradecido que se propõe a perecer ou imortalizar o seu nome.
22 de Dezembro de 1807.

Jorge III da Grã-Bretanha, 
de acordo com gravura de W. Berozy (1796)


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Fonte dos documentos transcritos: