Poucos dias antes de se saber que os franceses já se encontravam em Portugal, o príncipe regente pensou enviar o Duque de Palmela ao encontro de Junot, a fim de lhe comunicar que Portugal tinha aceite o bloqueio continental, tornando-se assim desnecessária a invasão. Segundo o próprio Duque, "houve alguma ideia pela sua parte [refere-se ao príncipe] de me enviar com uma missão semi-diplomática ao Quartel-General de Junot, que então se achava ainda em Espanha, mas ameaçando já entrar em Portugal. Esta lembrança, que Sua Alteza Real mesmo me indicou, desvaneceu-se porque os acontecimentos se precipitaram de tal modo que se reputava já inútil qualquer tentativa de negociação. O nosso governo e os seus conselheiros, perdendo completamente a cabeça, abandonavam toda e qualquer ideia de resistência. Em lugar de preparar a defesa, pareciam querer franquear a entrada aos franceses e facilitar pelas ordens que deram a invasão de Portugal”.
(apud Maria Amália Vaz de CARVALHO, Vida do Duque de Palmela D. Pedro de Souza e Holstein - Vol. I, Lisboa, Imprensa Nacional, 1898, p. 181).