quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Diário do General John Moore (31 de Agosto de 1808)



Torres Vedras, 31 de Agosto.


Anteontem foi enviada a [primeira versão da] convenção para a evacuação de Portugal pelos franceses, tal como ficou acordada entre o Coronel Murray e o General Kellermann. Os Tenentes-Generais [britânicos] reuniram-se, alguns artigos foram contestados, e enviaram-se de volta para serem explicados e emendados. O artigo de maior importância indicava que eles [os franceses] deviam entregar-nos os fortes de S. Julião, do Bugio e de Cascais quando o tratado fosse ratificado. Os franceses propunham dar-nos apenas o de Cascais, enquanto o de S. Julião e o do Bugio seriam entregues somente depois do embarque da segunda divisão das suas tropas. O Coronel Murray chegou esta manhã com estes e outros condenáveis artigos corrigidos. Devemos marchar em direcção a Lisboa amanhã. Estamos preparados para avançar de qualquer maneira. É bastante favorável que esta operação tenha assim terminado. Se Sir Arthur Wellesley não tivesse sido impedido [primeiro pelo General Harry Burrard, e depois pelo General Hew Dalrymple], se lhe fosse dada a permissão para continuar o seu sucesso do dia 21, o exército francês teria dispersado, e nunca teria conseguido alcançar Lisboa. Depois de se reunirem, se se tivessem reforçado, ou se qualquer outra circunstância viesse a permitir que tomassem o terreno novamente, seria muito provável que conseguiriam obter sucesso; pois, infelizmente, o comando do [exército] britânico foi dado a Sir Hew Dalrymple, um homem que certamente não é destituído de senso, mas que nunca tinha servido antes no campo enquanto oficial general, o qual permitiu que passasse uma guerra de dezasseis anos sem estar em qualquer serviço senão na Inglaterra e em Guernsey, e que aparentou estar completamente perdido na situação em que foi colocado.