quarta-feira, 22 de junho de 2011

Acta de vereação da Câmara de Faro (22 de Junho de 1808)



Nesta vereação foi proposto que, para evitar toda a suspeita e acautelar todo o dano que pode resultar à nação por cartas missivas* dirigidas aos indivíduos franceses, determinou[-se] que o correio desta cidade não abrisse as bolsas nem as fechasse com cartas que daqui fossem, sem a assistência duma pessoa de probidade e zelo pelo interesse comum desta pátria [e] que por este Senado fosse nomeada. E logo foi nomeado para este fim o Major António de Brito Correia Mascarenhas, Vereador mais velho, para assim o executar com aquela honra e actividade de que é notório desta cidade. E logo, na mesma vereação se determinou que vista [a] urgente necessidade que há de dinheiros para as munições de boca necessárias para a tropa que se acha em armas e vendo-se que não há dinheiros nos cofres em quantidades superabundantes, este Senado, querendo ocorrer com as providências necessárias para este fim, sopesa às autoridades constituídas os dinheiros que pela sua repartição forem existentes, por não haver escrúpulo em se entregarem para a defesa da pátria; e que, igualmente sopesa a cada um dos habitantes desta cidade e seu termo as porções voluntárias que cada um queira dar [de] ajudas para esse fim. E logo nomearam para depositário o Administrador do fornecimento das munições de boca ao Sargento mor Joaquim Ramalho Ortigão. E por não haver mais que determinar, etc... 

Azevedo Falcão 
Brito 
Barroso 
Pinto Coelho 
Sanches 
Amaro de Santa Teresa 

[Fonte: Arquivo Histórico Militar, 1.ª div., 14.ª sec., cx. 186, doc. 24].

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* [Nota do transcritor das actas]: “Não compreendemos que em tal ocasião, quando a Câmara ainda não dissera uma palavra sobre o sucesso de Olhão (sobre os quais sempre se calou) nem sobre os de Faro, se preocupasse tanto com a correspondência dos franceses, já em fuga!...”.