quinta-feira, 5 de maio de 2011

Carta circular do Conde de la Torre del Fresno, Comandante General da província espanhola da Extremadura (5 de Maio de 1808)



Governo Militar da Extremadura

Circular


Os avisos que se receberam manifestam que o nosso amado Soberano e o Governo encontram-se num risco iminente, e quando todas as povoações encontram-se dispostas a morrer antes que seja destruído o Governo, convém que V[ossa Mercê] faça publicar em todas as [povoações] da sua jurisdição que, ainda que as notícias não são de todo autênticas, devem ser suficientes para que os bons espanhóis se armem e disponham a defender a sua pátria, se por desgraça for certo que os nossos aliados corresponderam com perfídia à amizade e boa fé com que os recebemos. Em consequência, e sendo preciso para a nossa conservação e defesa que esta se faça com a maior ordem e que correspondamos assim às esperanças da pátria, V[ossa Mercê] abrirá três expedientes:
No primeiro, alistar-se-ão todas aquelas pessoas que enquanto durarem as circunstâncias queiram servir nos regimentos de linha que temos na província e que convêm ser aumentados até 2.000 homens cada um.
No segundo, [alistar-se-ãotodos quantos queiram servir no terço ou terços da [sua] povoação, os quais levarão a bandeira e divisa que sejam servidos escolher, e ser-lhes-ão assinalados oficiais que os instruam e dirijam.
No terceiro, serão dispostos todos aqueles que possam servir com cavalos e armas, aos quais ser-lhes-á dada a mesma organização que a anterior, e que tudo isto se execute com a brevidade do raio, para que o inimigo, se chega a sê-lo, se convença que os espanhóis jamais conhecem perigos quando é preciso salvar e vingar o rei, a religião e a pátria.
A fim de que se encontre pronto caso seja necessário empreender uma marcha, V[ossa Mercê] deve ter convocado o número de carros e mulas que são necessários para conduzir víveres e efeitos precisos para subsistências e munições que levarão consigo.
Eu glorifico-me e honro-me de ser Comandante General duma província, fiel e valente, que em nenhum tempo desmentiu o seu valor, e prometo que nesta ocasião se acreditará mais que nunca que sabemos preferir todos os contratempos e todos os trabalhos a uma opressão injusta.
Deus guarde a V[ossa Mercê] muitos anos. 
Badajoz, 5 de Maio de 1808.