quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Primeiras perturbações em Lisboa: as esquadras russa e britânica

Fonte: BND
Mapa inglês de Lisboa e arredores (1808)   




Entre os dias 10 e 13 de Novembro de 1807 ancorava no estuário do Tejo uma esquadra russa vinda de Corfu, no Mar Jónico, composta por 11 embarcações de guerra. Começavam a surgir os primeiros sinais de alarme, pois sabia-se que os imperadores russo e francês se tinham pacificado. De facto, o aparecimento destes navios (que, adiante-se desde já, não intervirão directamente na invasão francesa e espanhola a Portugal) não poupou sustos em Lisboa e arredores, como relata Acúrsio das Neves. Segundo este, a dita esquadra, “não podendo encaminhar-se aos portos da Rússia naquela estação, por causa dos gelos do Báltico, era natural que procurasse um outro onde invernasse, e fizesse os concertos de que alguns navios precisavam. Em toda a sua travessia nenhum lhe oferecia tantas comodidades como o de Lisboa; e por isso nada tinha de extraordinária a sua entrada no Tejo. Mas o povo, e principalmente a classe dos que se metem a falar em política, gostando tanto de ler no futuro, como de formar sistemas sobre os factos pretéritos, e querendo sujeitar tudo às regras da sua imaginação, e aos planos que inventa; que muitas vezes se engana, mas algumas também acerta, decidiu logo que esta esquadra era mandada às ordens de Napoleão, e para cooperar segundo o seu plano” (in José Accursio das NEVES, História Geral da Invasão dos Franceses em Portugal, e da Restauração deste Reino – Tomo I, 1809, Lisboa, pp. 153-154).
Poucos dias depois surge uma esquadra britânica na foz do Tejo, bloqueando a sua passagem e, consequentemente, a entrada e saída de géneros no maior porto português. O povo preparava-se para o pior, receando que sucedesse em Lisboa o que tinha acontecido dois meses antes em Copenhaga.