quarta-feira, 8 de junho de 2011

Excerto de uma notícia publicada no órgão de imprensa da Junta Suprema de Sevilha (8 de Junho de 1808)




Sevilha, 8 de Junho 



É incrível o ardor militar que se observa nesta capital e nas povoações da sua comarca. Estas apressam-se a enviar fundos e gentes que, capitaneadas sob as suas bandeiras particulares, apressam-se a oferecer a esta Suprema Junta a sua obediência e valor. Cada dia vão entrando novas tropas do campo de San Roque e Cádis, as quais se destinam imediatamente aos pontos da fronteira e ao reforço da vanguarda. Não só se completam os regimentos veteranos com gente valorosa, mas também se criaram cinco novos de infantaria […]. Todos estão bem providos de armas; e tanto destas como das demais munições e apetrechos fazem-se contínuas remessas a todos os pontos. Apesar do muito consumo destes artigos, os nossos arsenais, armarias e armazéns podem prover a outro exército, constando o nosso ao presente de mais de 60.000 combatentes. No curtíssimo tempo de exercícios militares que têm os soldados do novo alistamento, foram feitos progressos que causam admiração aos veteranos, e que parecerão incríveis aos que não conheçam os efeitos portentosos do patriotismo, sendo de esperar que cada dia ganhem maior incremento as nossas forças, de modo que assegurem os desejos da pátria. 
Devido ao facto de se ter apresentado uma divisão francesa em Castro Marim nos Algarves, mandaram-se reforços a Ayamonte, e ordem para armar e abastecer de munições as povoações do Guadiana, para a eventualidade, muito pouco provável, dos inimigos tentarem vadeá-lo. 
Numa carta de Madrid, datada de 31 de Maio, destinada a um Oficial desta cidade, diz-se que o Duque de Berg se encontra enfermo, e que pediu tropas a Napolão e ao General Junot de Portugal, sem que nem um nem outro se encontrem em disposição de poder mandá-las. O descontentamento das tropas inimigas parece geral, e corria um boato muito válido, segundo o qual em Bayonne havia uma insurreição e que o Imperador estava oculto, acrescentando alguns que ademais se encontrava ferido. Diz-se que em Paris há movimentos iguais, e que o Imperador da Rússia estava a ponto de concluir uma paz separada com o Rei da Suécia. Assim que tenhamos notícias oficiais de tão importantes acontecimentos, apressaremo-nos a dá-las ao público. 
[…] 


[Fonte: Gazeta Ministerial de Sevilla, n.º 3, en la Imprenta de la viuda de Hidalgo y Sobrino, 8 de junio de 1808, pp. 22-23].