sábado, 16 de abril de 2011

Notícia publicada na Gazeta de Lisboa (16 de Abril de 1808)




Lisboa, 16 de Abril. 


O Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Duque de Abrantes, acompanhado do Estado-Maior do seu Exército e das principais autoridades do Reino e de Lisboa, deve ir amanhã, Domingo de Páscoa, pela manhã, à Santa Igreja Patriarcal, para assistir aí ao ofício divino. Diferentes preparativos se fazem para esta cerimónia, a qual será tão majestosa quanto o pede o seu objecto, que é render uma bem manifesta homenagem à religião. 

Por decreto de Sua Excelência o General em Chefe acaba de ser nomeado, para Marechal de Campo do Exército Português, o Coronel Novion, Comandante de armas e da Guarda Militar da Polícia. 

A cidade de Lisboa goza da mais perfeita tranquilidade. Não se tem experimentado nela embaraço algum no tocante a víveres, que cada pessoa pode haver facilmente, à sua vontade, assim nos mercados como nas lojas onde se vendem, e até sem aumento algum sensível nos seus preços. Durante os dias consagrados em especial aos deveres religiosos, acode às igrejas uma inumerável multidão de gente, sem que daqui resulte a menor desordem. Até se ouve raras vezes falar daqueles delitos triviais a que é impossível obstar de todo nas grandes capitais, mas que agora se reprimem rapidamente por uma polícia severa. Entre as tropas reina a maior disciplina, de tal sorte que os habitantes nem se quer têm de formar queixas a que logo se faria justiça. Portanto todas as vezes que as numerosas ocupações de Sua Excelência o Governador Geral lhe permitem aparecer nas ruas e nos lugares públicos, recebe aí testemunhos não equívocos do afecto que se lhe professa, e da justa confiança que inspira a sua afeição para com um país cujo Governo lhe conferiu o Grande Napoleão. 


[Fonte: Segundo Suplemento à Gazeta de Lisboa, n.º XV, 16 de Abril de 1808].